O INTUIÇÃO REALIZANDO SONHOS






O INTUIÇÃO REALIZANDO SONHOS



Antes da REFENO de 2013, mais precisamente em Julho, recebi um telefonema do Sr. Wilson, conhecido do meu amigo Froes do Veleiro Uranus, que tinha um sonho de ir a Noronha velejando e participando de uma REFENO.
O Sr. Wilson me preguntou se eu ainda tinha vaga e se podia participar da REFENO 2013 a bordo do Intuição.
Como sempre faço, fiz algumas perguntas ao Sr. Wilson. Vejam as respostas:
1 - Você está acostumado a velejar?
-Tenho um Delta 26 em Porto Alegre e velejo muito por aqui, inclusive velejo em Tapes.
2- Você já fez alguma travessia mais longa?
-Não.
3 – Você enjoa quando veleja?
-Não, inclusive andei de jangada no Ceará e nunca enjoei.
4 - Quantos anos o Sr. tem?
-76 anos.
Na hora, pensei comigo mesmo: Hum será que vai dar certo?

                Depois dessa pergunta fiquei com receio de dizer sim ao meu jovem tripulante e por alguns instantes fiquei preocupado, pois a responsabilidade de levar uma pessoa com esta idade em um evento como a REFENO e ainda mais em um veleiro de 29 pés é enorme, mas fui em frente.
    Aceite o Wilson como meu tripulante e informei ao restante da tripulação (que por sinal nem responderam meu email, só depois foram respondendo um a um)Ok, OK, OK.



            Fiquei preocupado, pois a responsabilidade de levar uma pessoa com esta idade em um evento como a REFENO e ainda mais em um veleiro de 29 pés é enorme, mas fui em frente.
       Acertamos que o embarque seria no dia 03 de Outubro, dia do janta da REFENO e o  desembarque seria em Natal após a chegada de Noronha.


                Para minha surpresa o Sr. Wilson me ligou no final da tarde de quarta dia 02, dizendo que já estava em Recife, que não conhecia nada e se eu sabia de alguma pousada para ele ficar.
          Disse a ele que se não se incomodasse poderia vir para o Cabanga e já embarcar no Intuição. Por volta das 19;00 ele chegou ao Cabanga e a Sueli tratou de avisar no rádio a chegada dele ao clube. Me encontrei com ele na cantina e fomos para o barco. Para meu azar, me ofereci gentilmente para carregar a sua mala, que por sinal estava um chumbo, deveria ter coisas para um mês de velejada hehehehehhehee.

        Por fim, a decisão de realizar o sonho do Wilson foi super acertada. Apesar dos seus 76 anos o Sr. Wilson sempre estava disposto a ajudar em qualquer missão a bordo, com uma energia super positiva que logo contagiou a todos. O seu vigor físico era tão grande que até o Morro do Pico ele queria escalar.

                                                                         76 anos

        Ao Sr. Wilson nosso muito obrigado por sua companhia durante todo esse tempo em que tivemos o privilégio de ter a bordo uma pessoa tal especial como o Senhor.
       Para não esquecer, logo na largada da REFENO o Sr. Wilson deu um enjoada e só foi melhorar na manhã seguinte, quando tomou café e almoçou normalmente. Chegando sem  problema a Noronha depois de mais de 63 horas de velejada.
No dia seguinte pela manhã perguntei ao Wilson:
-O Sr. não anda de jangada?
Ele respondeu: -Sim, andei, mas isso foi em 1976.
Todos riram muito a bordo!



Vejam ai o relato do Sr. Wilson sobre sua participação
 REFENO e  FENAT 2013.


Oi Chagas!
Não tem desculpa que justifique minha demora. Como por exemplo que meu computador agora está meio capenga.
Portanto vou referir abaixo um pouco das infindáveis lembranças que ficaram.
Tenho na minha frente o caneco recebido no Cabanga, o crachá, mais um cartão recebido em Fernando de Noronha como visitante idoso isento de pagamento para visitar certas pontos do arquipélago. Esse caneco, “REFENO 25 Anos”, ouvi um cara dizer que iria pôr fora por ser de vidro. Mas ele não foi ofertado para ser mantido a bordo. Em casa é uma belíssima lembrança.
Sua base tem uma estrela bem bonita. Está aqui na mesa também o livro “Diário de Bordo do Avoante”, de Nelson Mattos Filho. Terminei de ler hoje. É um incentivo para eu largar as amarras do “Guatá”, meu deltinha 26.
As duas regatas, REFENO e FENAT foram para mim um grande aprendizado. E muito estimulante porque acho que foi a gota d’água para eu terminar com um período de não velejar por de minha parte.
Os tripulantes do “Intuição” foram muito especiais. Você Chagas, muito camarada, eclético mas firme no comando, sem hesitar nas obrigações, sempre disposto a ajudar alguém que estivesse com problema, sem relaxar a disciplina necessária. O Odilon com sua calma e prudência. O Leo com seu espírito esportivo sempre dando uma mão onde necessário. Aliás como todos a bordo.
Mas... e aquela pescaria ? Aquela baita cavala!... que o Odilon pescou vai ficar na história. E você Chagas não menos. Porque acertou no tempero e no modo do preparo. Um peixão fresquinho que rendeu duas fartas refeições para quatro tripulantes. Hahahaha!
Outras recordações a esmo.
Em Recife, o Enock, do veleiro “Hermes”, e eu fomos a pé sacar no Banco do Brasil, perto do Cabanga, depois da ponte. Isso me rendeu uma grande bolha no calcanhar direito.
Furei a bolha com a ponta do canivete. Aí você, Comandante, me disse que bolha não se fura. E me deu um antibiótico em forma de spray.
De entre as coisas para recordar estão também brincadeiras, como aquela de “Você gosta de docinho?...” etc.
O Leo, com seu espírito esportivo, mergulhador, nadador, ajudou a destrancar a âncora do “Intuição”hahahahaha! Quando menos esperava o cara já estava a nado lá longe.
Por falar nisso ...
É pena que devido ao compromisso de tripulante a gente não podia se estender muito no uísque, senão eu teria comprado um litro no Súper Noronhão.
Naquela farmácia do Noronhão comprei óleo mineral puríssimo. Eu estava trancado 3 dias, apavorado, pois normalmente funciono bem. A moça que me vendeu o óleo disse que era pra tomar só 3 tampinhas. Não tomei nenhuma e fiquei bom naquele mesmo dia. Você Chagas solidário me consolou que o Below (não sei se acertei a grafia) tinha ficado trancado 9 dias.
Tudo na REFENO + FENAT para mim são muito gratas recordações. Desde o meu embarque no “Intuição” dia 02/10/2013 até minha despedida no Bairro Alecrim em Natal de uma turma tão legal.
Eu não conhecia nem Recife, nem Natal, tampouco Fernando de Noronha.
Quando cheguei na noite do dia 2 de outubro no aeroporto de Recife pensei poh! e agora quê que eu faço? vou para um hotel chego no Clube amanhã? Peguei o celular e liguei pra você Chagas, e, o que então o que você disse me descontraiu, me deixando à vontade: “Pega um táxi e vem pro Cabanga e já dorme no barco hoje.” Tal hospitalidade me fez muito bem. Ao chegar no Cabanga me apresentei a você Chagas, e não sei se se lembra quis inclusive a carregar minha mala até o “Intuição”. Por sinal com um peso danado. Levei coisas demais.
Fiquei admirado também com a hospitalidade de todos no Cabanga. Que coisa boa.
Apesar da idade, que acham que é muita, aprendi muito. Às vezes fico pensando como é que um barco tão pequeno fez tais navegadas. Posto ainda que ele tinha alguns probleminhas que surgiram mas que não o impediram de ganhar um troféu na REFENO.
Chagas, desculpe se escrevi rápido, meio sobre a perna, como diz o outro. É que também poh já faz horas que você me pede.
Então aí foi.
De qualquer forma, meu amigo Chagas, fico aqui desvanecido por ter tido o privilégio de navegar contigo.
As recordações ficarão e ao apreciar fotos e vídeos com voz elas ficam mais vívidas.
Um grande abraço! Fico por aqui à sua disposição.
Bons ventos!
Wilson Alfeu Schneider


Abraço a todos e Bons Ventos
Comandante Chagas
Veleiro Intuição

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